Texto: Empreendedorismo em tempos líquidos

Por Lívia Roberta Bruch e prof. Jean Marcos da Silva


O sociólogo Zygmunt Bauman menciona que “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”, ou seja, vivemos em uma sociedade líquida, onde tudo muda constantemente. Dessa forma, percebemos um vasto aumento de empreendedores no Brasil, todavia, como muitos acreditam, o empreendedorismo não é apenas benéfico para o mercado financeiro, mas é também de grande importância para a economia nacional por ter um efeito social.

Em vista do cenário apresentado, fica claro que, o empreendedorismo traz grandes benefícios à economia do país. Os empreendedores tem um papel muito importante criando recursos inovadores, tendo ideias e as colocando em prática para atender às necessidades da sociedade e resolver as dores de seus consumidores. Assim, há um desenvolvimento econômico gerando oportunidades de trabalho para a população. Por outro lado, com a constante mudança, nesta sociedade líquida, os empreendedores precisam estar sempre se atualizando, para que seus produtos não fiquem obsoletos e para atenderem às novas necessidades da população. Com a falta de apoio governamental, fica difícil manter empresas mais ativas, visto que as taxas tributárias acabam por onerar os empreendimentos.

Aprofundando a citação de Bauman, o trecho citado anteriormente faz parte do prefácio de uma das suas principais obras, intitulada “Modernidade Líquida”, com essa frase Zygmunt lança um olhar crítico para as transformações sociais e econômicas trazidas pelo capitalismo globalizado.

Para a compreensão de sociedade líquida, conforme Zygmunt, precisa-se também levantar a questão da “Modernidade sólida”, a qual se relaciona aos conceitos de comunidade e laços de identificação entre as pessoas, que trazem a sensação de segurança. Na era sólida, os valores se transformavam em ritmo lento e previsível. Assim, tínhamos algumas certezas e a sensação de controle sobre o mundo, por exemplo, sobre a natureza, a tecnologia e a economia.

Nessa situação de passagem do mundo sólido ao líquido, Bauman destaca a liquefação das formas sociais, ou seja, o trabalho, a família, o engajamento político, o amor, a amizade e, por fim, a própria identidade. Esse cenário provoca angústia, ansiedade constante e o medo líquido, ou seja, o temor do desemprego, da violência, do terrorismo, de ficar para trás, de não se encaixar nesse novo mundo, que muda num ritmo muito rápido.

Deste modo, a modernidade líquida substitui a ideia de coletivo pelo individualismo. Ao invés da ideia de comunidade priorizam-se as conexões e relações interpessoais que podem ser feitas e desfeitas da mesma forma, bem como um produto que pode ser adquirido e descartado por não servir mais para determinada situação.

Por fim, de acordo com Bauman a modernidade continua em constante evolução, sendo que o contexto do capitalismo não muda, mas encontra-se em uma lógica diferente, assim como no empreendedorismo, ideias novas surgem a cada momento, o mundo está em constante movimento.

Lidar com os negócios no campo do empreendedorismo é também lidar com este contexto de modernidade líquida. Empreender é uma atividade sistêmica fortemente influenciada pelo ambiente, pelo tempo e época onde os empreendedores estão inseridos.

Você pode encontrar o livro do Bauman neste link:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. 1ª. ed. Lotus Psicánalise: Zahar, 2001. 215 p. Disponível em: https://lotuspsicanalise.com.br/biblioteca/Modernidade_liquida.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022.