SUSTENTABILIDADE NO CAMPO DA INOVAÇÃO EMPRESARIAL: EM BUSCA DE EQUILÍBRIO
COMO CITAR ESSE ARTIGO:
JEAN-SILVA; Jean. Sustentabilidade no Campo da Inovação e Desempenho Empresarial: em busca do equilíbrio. Laboratório de Sustentabilidade Interdisciplina, Inovação, Gestão e Administração-LabSiga/IFSul. Venâncio Aires-RS, março/2022.
Por Prof. Me. Jean Marcos da Silva
A tendência dos empresários é visualizarem a sustentabilidade sob o prisma do mecanismo de preços, do mercado. Esta lógica deturba e a torna pouco atrativa, inibindo sua adoção. O que muitos desses defensores não sabem, é que a sustentabilidade pode contribuir para o desempenho empresarial. Este texto é resultado de leituras de pesquisas que procuraram demonstrar os efeitos de inovações de sustentabilidade no desempenho das empresas.
Globocnik et al. (2020) aborda o ceticismo que os gestores possuem sobre os benefícios que a inovação relacionada à sustentabilidade pode gerar para o desempenho empresarial. Os autores também observaram se o DNA cultural explica as diferenças do desempenho de inovação relacionada à sustentabilidade das empresas. Globocnik et al. (2020) apontaram que mais recentemente os gestores estão reconhecendo o potencial de crescimento da sustentabilidade com relação às vantagens de reputação e à criação de valor para a empresa.
Por meio de uma pesquisa com 500 empresas, em que a maioria tinham mais de 500 funcionários e faturamento superior a 250 milhões, Globocnik et al. (2020) concluíram que há uma relação positiva entre o desempenho da inovação relativa à sustentabilidade e o desempenho da inovação econômica, ou seja, as inovações de sustentabilidade e econômica não são conflitantes. Os autores citaram um arquétipo cultural composto por 4 tipos: cultura de clã, cultura adhocrática, cultura de mercado e cultura hierárquica. E verificaram que a cultura adhocrática, por possibilitar uma maior interação com o ambiente externo, e a cultura hierárquica, por permitir ordens coercitivas (o que dá celeridade à implemtanção de inovações de sustentabilidade), possuem um impacto positivo sobre desempenho da inovação relativa à sustentabilidade.
Essa influência positiva da cultura adhocrática nas inovações de sustentabilidade também foi observada por Cheng (2018) em sua pesquisa que propõe a diversificação de atores na estratégia de sustentabilidade da empresa, que o autor denomina de ‘participantes verdes’. Ao focar no ator fornecedor verde, Cheng (2018) aponta que as empresas podem adotar uma orientação para a sustentabilidade com o envolvimento de fornecedores verdes de dois modos: como fonte de conhecimento ou como co-criadores da inovação verde. Com base na visão baseada em recursos (RBV), de Barney (1991), visão baseada em conhecimento (KBV), de Grant (1996) e teoria da capacidade, de Eisenhardt e Martin (2000) e Teece et al. (1997), o autor parte da premissa de que o envolvimento de fornecedores verdes melhora o desempenho da inovação relativa à sustentabilidade. Cheng (2018), então, faz uma pesquisa em Taiwan, em 2014, com 379 empresas de ramos diversificados como tecnologia da informação, alimentação, eletrônicos e indústria farmacêutica entre outros e o autor concluiu que à medida que a orientação para a sustentabilidade da diversificação dos participantes verdes aumenta, o desempenho da inovação comercial também aumenta.
Seguindo esta mesma concepção de que a sustentabilidade pode auxiliar no desempenho empresarial, Michelino et al. (2019) apontaram por meio de uma pesquisa quantitativa que a sustentabilidade pode otimizar os processos de inovação no setor de hardware de TI. Por meio da diferencição de ‘Exploration’ e ‘explotarion’ os autores apontaram a relevância da inovação aberta (com interações externas às empresas) para alavancar o desempenho empresarial, o que corrobora os estudos de Cheng (2018) sobre o papel dos fornecedores verdes na sustentabilidade.
Os resultados das pesquisas de Michelino et al. (2019), Cheng (2018) e Globocnik et al. (2020) apontam que é preciso sairmos de uma visão extremista e procurarmos um equilíbrio, afinal quais coisas realmente importam? (lucro ou social)? Não é mais possível acreditarmos que para obtermos lucros não precisamos pensar nas questões sociais e ambientais ou que para obtermos resultados em termos de sustentabilidade não é possível vislumbrarmos lucros.
REFERÊNCIAS
GLOBOCNIK, D.; RAUTER, R.; BAUMGARTNER, R. Synergy or Conflict? The Relationships Among Organisational Culture, Sustainability-Related Innovation Performance, and Economic Innovation Performance. In. International Journal of Innovation Management, v. 24, n. 1, 2020.
CHENG, Colin C. J. . Sustainability Orientation, Green Supplier Involvement, and Green Innovation Performance: Evidence from Diversifying Green Entrants. In. Journal of Business Ethics, v. 161, 2018.
MICHELINO, F., CAMMARANO, A., CELONE, A. CAPUTO, Mauro. The Linkage between Sustainability and Innovation Performance in IT Hardware Sector. In. Sustainability, 2019.
LAN LI, GANG LI, FU-SHENG T.; HSIU-YU L.; CHIEN-HSING L. The Effects of Corporate Social Responsibility on Service Innovation Performance: The Role of Dynamic Capability for Sustainability. In. In. Sustainability, 2019.
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